O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, montou um plano para melhorar a tecnologia do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Nesta quarta-feira (8) o órgão de controle passou a fazer parte do BC.
A mudança foi oficializada por meio da publicação nesta quarta no "Diário Oficial da União" (DOU) da sanção pelo presidente Jair Bolsonaro da lei que estabelece a saída do Coaf do Ministério da Economia.
O Coaf é uma unidade de inteligência financeira do governo federal que atua principalmente na prevenção e no combate à lavagem de dinheiro.
Na avaliação de Campos Neto, a transferência resolve um impasse e afasta o órgão de influência política, já que estará sob o guarda-chuva do BC, “puramente técnico” e “mais apartado de influência política”.
Campos Neto defende que a parte de tecnologia do Coaf precisa melhorar, já que se trata de um Banco de Dados, e diz ter um plano para isso.
“O Coaf é um banco de dados, não investiga ninguém. Recebe dados, organiza e produz relatórios. Como banco de dado, precisa melhorar a tecnologia – e tem um plano para isso”, disse o presidente do BC em entrevista à GloboNews.
'Jogo político'
Em agosto, quando decidiu transferir o Coaf para o Banco Central, Bolsonaro justificou dizendo que a intenção era tirar o órgão do "jogo político".
Nos primeiros meses do mandato de Bolsonaro, no início do 2019, o Ministério Público do Rio de Janeiro deflagrou uma investigação com bases em dados do Coaf que apontavam movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz.
Queiroz era motorista de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro quando o senador era deputado estadual. Flávio é filho do presidente Jair Bolsonaro.
Conforme o órgão, Queiroz movimentou de maneira atípica R$ 1,2 milhão entre 2016 e 2017.
Depois, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, suspendeu investigações baseadas em dados compartilhados pelo Coaf sem autorização judicial. A decisão foi tomada atendendo a um pedido dos advogados do senador.