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Mulheres protestam contra a contratação de Bruno pelo Operário

Manifestação aconteceu em frente ao Estádio Dito Souza; atleta deve ser anunciado nos próximos dias

22/01/2020 | 09:59

Mídia News

Mulheres protestam contra a contratação de Bruno pelo Operário

Protestos antecederam partida de estreia do Operário no Campeonato Mato-grossense

Foto: Victor Ostetti/MidiaNews

Com carro de som e usando roupas pretas, dezenas de mulheres protestaram na noite desta terça-feira (21) contra a contratação do goleiro Bruno Fernandes, que deve ser oficializada pelo Operário Várzea-grandense nos próximos dias.  

A manifestação aconteceu em frente ao Estádio Dito Souza, em Várzea Grande, momentos antes da partida de estreia do clube no Campeonato Mato-grossense de Futebol, contra o Poconé.

As mulheres condenam a decisão do Operário de contratar o atleta, que foi preso em setembro de 2010, e condenado em março de 2013, a mais de 20 anos pelo homicídio triplamente qualificado da modelo Eliza Samudio, com quem ele teve um filho.

“Feminicida não pode ser exemplo”, “Operário Sim, assassino não” e “Respeitem as mulheres, goleiro Bruno não” eram alguns dos dizeres que estampavam os cartazes carregados pelas manifestantes.  

O coro era num único sentido: o de que um clube de futebol não deve abrir espaço para que um atleta condenado – especialmente pelos requintes de crueldade que cercam o caso em questão - volte a ser ídolo ou referência no esporte.  

“Sabemos da influência do futebol. As crianças, principalmente, veem os jogadores como ídolos, como exemplo. Aqui, infelizmente, vemos a chancela, a declaração de que o crime contra a mulher não significa nada”, disse a presidente do Conselho das Mulheres em Mato Grosso, procuradora do Estado Glaucia Amaral

Segundo ela, não há que se falar neste momento em qualquer tipo de veto à ressocialização, tampouco uma oposição a uma “segunda chance” a Bruno.  

“Defendemos um trabalho especial com os condenados da Lei Maria da Penha. Mas, esse senhor já está reinserido na sociedade. Aqui estamos falando de retorná-lo à condição de ídolo”, afirmou.  

Glaucia destacou também que, na contramão do que ocorreu em outros estados, Mato Grosso está “bancando” a contratação de um atleta que está sendo intitulado “goleiro assassino”, em alusão a publicação do jornal AquiPE, do Pernambuco. Leia mais AQUI.

“O dirigente do Operário entende que a vida pregressa do Bruno é um mero detalhe, que só importa aquilo que ele faz em campo. Não podemos glamorizar essa situação. O senhor Bruno tem direito de tentar retomar sua carreira de futebol, quem não deve aceitar isso é o Operário. Ao demonstrar interesse no atleta e dizer que só importa o aspecto técnico, o Operário está dizendo: ‘Para nós, não importa o feminicídio’”, criticou a presidente.  

Protesto nas redes 

A iminente chegada de Bruno aos gramados mato-grossenses também tem gerado protestos nas redes sociais.  

A empresária e operariana de coração Emmanuela Ximita, por exemplo, criou um grupo no WhatsApp intitulado “Bruno não”.  

“Assim que comecei a postar minha indignação pela contratação, muitas mulheres vítimas de violência passaram a me procurar e montamos esse grupo. Pensamos que essa contratação é uma imoralidade com as mulheres, com as mulheres de Várzea Grande”, disse a torcedora, ao admitir que tem vergonha da transação feita pelo clube. 

"Justos” 

Em meio aos manifestantes, alguns se colocaram favoráveis a vinda de Bruno para Mato Grosso.

É o caso do torcedor do Operário, Anderson Monteiro. 

“Não vejo nenhuma objeção. Se tem ressocialização, que se faça. Se o pedreiro comete um crime e paga parte de sua pena. Ele vai para o regime semiaberto e trabalha num setor administrativo? Não. Ele volta a ser pedreiro. Portanto, acredito que temos que ser justos”, afirmou.  

O Operário venceu o jogo por 1 a 0.

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