A aposentada Sonia Moura, mãe da modelo Eliza Samudio, assassinada em 2010, agradeceu a coragem das mulheres de Mato Grosso que levantaram um movimento contra a contratação do goleiro Bruno Fernandes pelo Operário de Várzea Grande. Após a repercussão negativa, o clube desistiu da negociação.
Bruno foi preso em 2010 e condenado pelo homicídio da modelo em 2013. Ele foi solto em 2019, após receber a progresão de pena do regime fechado para o semi aberto.
“Eu tenho que agradecer as mulheres de Mato Grosso que tiveram coragem de se exporem nessa luta. Realmente, são mulheres muito corajosas que tiveram solidariedade com a minha filha, dando voz à ela. Sou muito grata a todas elas”, disse.
Sonia viu a decisão do Operário como “sensata” e disse esperar que ela sirva de exemplo para outros clubes.
“Ele não pode ser um ídolo do esporte. A CBF [Confederação Brasileira de Futebol] deveria cortá-lo do futebol, porque é uma vergonha tanto para os outros jogadores quanto para os torcedores e pais de família”, afirmou.
A aposentada ainda disse estar "indignada" com a concessão da progressão de pena ao regime semiaberto a Bruno. Para ela, pessoas que cometem crimes hediondos - com alto grau de violência ou crueldade - não podem ter o direito de progredir de regime.
“Eu sinto revolta com a Justiça, com as brechas que a lei apresenta. Algumas pessoas o defendem dizendo que ele já pagou pelo erro. Erro? Bruno não cometeu um erro, porque um erro você consegue consertar. Por acaso o Bruno tem como consertar o assassinato da minha filha? Não tem”, disse.
“Por que não faz uma lei mais dura para crimes hediondos? É um absurdo o que está acontecendo. A Justiça está esperando o quê? A população se revoltar e começar e fazer Justiça pelas próprias mãos? Vai deixar voltar a lei de olho por olho e dente por dente?”, questionou.
Condenação
Bruno, que já defendeu o Flamengo (2006-2010) e o Corinthians (2006), foi preso em setembro de 2010 e condenado em março de 2013 a mais de 20 anos de prisão pelo homicídio triplamente qualificado da modelo, com quem teve um filho.
Ele conseguiu a progressão de pena do regime fechado para o semiaberto em 19 de julho do ano passado, após uma decisão da 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Varginha (MG).
No último dia 17, a Justiça de Minas Gerais havia autorizado o goleiro a cumprir a pena em Mato Grosso e trabalhar no Operário.
