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Comissão de Saúde relata preocupação com coronavírus no Araguaia

A região conta com apenas 10 leitos de UTIs do SUS e 10 privados, todos em Barra do Garças

03/04/2020 | 08:38

Gazeta

Comissão de Saúde relata preocupação com coronavírus no Araguaia

Em Confresa, existem apenas cinco respiradores

Foto: Reprodução

Com o avanço da pandemia do novo coronavírus, o interior de Mato Grosso entrou no foco, gigante o estado possui 903.366 km², ou seja, é maior que Alemanha (357.168 km²) e Espanha (504.645 km²) juntas, e muitas cidades são distantes uma das outras e possuem poucos hospitais em situação precária e faltam leitos de UTIs, principalmente na região do Araguaia, na divisa de Mato Grosso, Pará, Tocantins e Goiás.

Nos casos graves da Covid-19, são necessários usos de respiradores e de leitos de UTI e muitas das cidades do Araguaia não possuem a estrutura de saúde adequada para atendimento mais complexo, os pacientes precisam ser encaminhados a outros municípios que nem sempre é perto do domicílio.

Sem o hospital regional de Porto Alegre do Norte (prometido em gestões anteriores), o Araguaia tem em Barra do Garças, Água Boa e Confresa como referência no tratamento de alta e média complexidade.

O Araguaia, segundo o presidente da Comissão de Saúde da Assembleia, Doutor Eugênio (PSB), tem 33 municípios e vai de Alto Taquari a Vila Rica, numa extensão de 1.170 km, a população é de mais de 320 mil pessoas e conta com 592 leitos do SUS e 100 leitos em hospitais privados. A região conta com apenas 10 leitos de UTIs do SUS e 10 privados, todos em Barra do Garças.

O presidente da Comissão de Saúde levou a preocupação ao governador Mauro Mendes (DEM) e apresentou uma solução ao comandante do Palácio Paiaguás, que seria usar o antigo hospital de Barra do Garças no atendimento aos pacientes com Covid-19. Segundo ele, o hospital conta com canalização para gazes, lavanderia e poderia servir para atender num esforço por novos leitos.

Em Água Boa, Doutor Eugênio diz que um espaço está sendo preparado e que é possível equipar com 30 ventiladores para atendimento dos doentes críticos, mas os ventiladores não existem, teriam que ser comprados, o Hospital de Água Boa tem só 4 ventiladores.

Na região de Vila Rica, resta apenas o Hospital Municipal de Confresa, que o Estado ajuda com R$ 500 mil por mês, mas que tem a situação mais preocupante. “Hoje, o maior índice de mortalidade infantil está lá no Norte-Araguaia. Também durante a gestação”, disse o parlamentar.

Segundo ele, a ideia levada ao governador é de descentralizar e não deixar todos os casos graves de Covid-19 para Cuiabá. “Se deixar tudo em Cuiabá, a cidade não dá conta, sem contar a logística de remoção desses pacientes graves. A saída é descentralizar”, disse.

Destacou que tem que ser montado leitos de emergência em Barra do Garças, Água Boa e Confresa. ”Não adianta vir com essa história de que tem que ser em Cuiabá. Essa semana eu ouvi pela imprensa que alguns líderes querem centralizar tudo em Cuiabá, se fizer isso estamos ferrados, precisamos de logística e o Estado não oferece em caso de muitas pessoas. Para se conseguir um leito de UTI em Cuiabá é uma novela, imagina em casos extraordinários, tem que descentralizar, criarmos centro de referência nas cidades-pólos”, disse.

Olhar social

Médico, ele concorda com a OMS de que a única forma de conter o avanço da Covid-19 é com o isolamento social de forma horizontal e não vertical em que somente pessoas dos grupos de risco para o novo coronavírus seriam isoladas.

Destaca que o Estado precisa ter um olhar social e já começou quando proibiu o corte de água e luz, mas destaca que é preciso colocar comida na mesa das pessoas. Para ele, o governo ainda está fazendo pouco ao comprar 50 mil cestas básicas, destaca que é preciso de mais. “Nós temos que incrementar isso daí”, pontua.

Segundo ele, a Assembleia Legislativa vai doar R$ 30 milhões e destaca que R$ 10 milhões foram para construir o hospital de campanha com 200 leitos em Várzea Grande. Ressalta que os outro R$ 20 milhões precisam ser investidos no interior do estado e que chegue na ponta.

Preocupação com indígenas

O parlamentar destaca que há uma grande preocupação com os indígenas, destaca que entre Água Boa e Nova Nazaré há 31 aldeias Xavantes, outras em Barra do Garças e ainda o Parque Nacional do Xingú, com várias etnias.

Segundo ele, já há uma orientação de isolamento total dos indígenas por parte do governo federal, mas lembra que a doença tem um grande potencial para destruir comunidades inteiras. “Há uma grande preocupação com a desnutrição, com o alcoolismo que já impera na comunidade Xavante, eles já estão com a imunidade baixa e uma contaminação com o novo coronavírus seria catastrófica”, destacou.

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