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Isolamento aumenta quadros de ansiedade e depressão em mulheres

Violência doméstica também cresceu durante a pandemia

09/06/2020 | 09:37

Mídia News

Isolamento aumenta quadros de ansiedade e depressão em mulheres

Tem aumentado os casos de abusos, agressões, ameaças e feminicídios

Foto: Reprodução

Conviver 24 horas por dia ao lado de seu agressor tem sido a realidade de muitas mulheres vítimas de violência doméstica durante o isolamento social. A medida, que visa reduzir a proliferação do novo coronavírus (Covid-19), tem aumentado os casos de abusos, agressões, ameaças e feminicídios. Como auxiliar as vítimas e melhor atendê-las diante desta situação tem sido também um dos desafios para a Psicologia. 

Presidente da Comissão de Orientação e Fiscalização do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP18-MT), a psicóloga Jaqueline Vilalba Fernandes, destaca que a proximidade de vítima e agressor devido ao isolamento social não só pode provocar os episódios de violência, como intimidar e dificultar o registro de denúncias. 

“Se naturalmente, a mulher vítima de violência doméstica já encontrava uma série de resistências para denunciar seu agressor, agora ficou ainda mais difícil para ela pedir ajuda. Mais do que nunca, essas mulheres precisam de apoio e atenção redobrada. Porém, é importante que elas saibam que mesmo isoladas em casa com seus agressores, é possível sair desse ciclo de violência”, pontua Jaqueline. 

Aos profissionais da Psicologia, a conselheira do CRP18-MT reforça que os atendimentos online devem seguir às recomendações do Conselho Federal, incluindo o cadastro no ePsi. Segundo ela, o confinamento social é extremamente prejudicial à saúde mental e há estudos que apontam para o aumento na procura de atendimentos para quadros de ansiedade, depressão e tentativas de suicídio, principalmente, entre vítimas de violência doméstica. 

“Um dos trabalhos mais importantes a serem desenvolvidos com esta vítima é justamente demonstrar o seu papel de vítima. Nem sempre a mulher se reconhece desta forma. Vivemos em uma sociedade machista patriarcal, em que a mulher é vista como culpada pela própria violência. É nosso papel enquanto psicólogas (os) ouvir e acolher, dando suporte para que ela denuncie seu agressor”, completa Jaqueline. 

Denúncia 

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados no início desta semana apontam uma alta de 150% no número de casos de feminicídio em Mato Grosso, entre março e abril, em comparação ao mesmo período do ano passado. Ainda de acordo com o estudo “Violência Doméstica durante a pandemia de Covid-19’”, de 12 estados brasileiros analisados, Mato Grosso ocupa o segundo lugar no crescimento de feminicídios (homicídios de mulheres), com 15 óbitos registrados. 

As denúncias de violência doméstica podem ser registradas pelos disques-denúncia 190, 197, 180 e 181. Além disso, o registro pode ser feito nas delegacias espalhadas pelo estado. 

Na capital mato-grossense e em Rondonópolis, as Delegacias da Mulher possuem atendimento psicológico de acolhimento às vítimas de pandemia. A população pode ligar ainda no número (65) 99973-4796 (Cuiabá) e (66) 99937-5462 (Rondonópolis), ambos possuem a opção de mensagem via Whatsapp. 

Para as mulheres que buscam ajuda e alternativas para deixar seus agressores, há ainda a Rede de Enfretamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Várzea Grande e Nossa Senhora do Livramento, canal de denúncia e acolhimento. A iniciativa é referência em Mato Grosso e conta com uma ampla rede de instituições apoiadoras, entre delegacias, Ministério Público, Defensoria, CREAS, e outras.  

Na semana passada, a Rede lançou a cartilha “Relação Pacífica - Como construir um ambiente de paz em casa”, que traz orientações sobre os canais de denúncia, medidas protetivas de urgência que podem ser solicitadas e telefones úteis para qualquer tipo de ajuda. O material pode ser acessado na íntegra, clicando aqui.

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