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Legista contratado teve laudo descartado no caso PC Farias

Documento produzido por ele à época concluiu que namorada matou tesoureiro de Collor e depois se suicidou

08/09/2020 | 09:11

Mídia News

Legista contratado teve laudo descartado no caso PC Farias

O médico legislta Fortunado Badan Palhares, que produziu laudo paralelo sob encomenda da família Cestari

Foto: Reprodução

O médico legista Fortunado Badan Palhares, contratado pela família da adolescente que matou a jovem Isabele Guimarães Ramos, tem sua carreira marcada por uma polêmica, que muitos consideram no mínimo um erro grosseiro. 

Isabele morreu no dia 12 com um tiro disparado pela sua melhor amiga, na casa da família Cestari, no condomínio Alphaville, em Cuiabá.  

Foi Badan Palhares o responsável pelo laudo que classificou a morte do empresário Paulo César Farias e de sua namorada Suzana Marcolino como homicídio seguido de suicídio. 

O crime, que aconteceu no dia 26 de junho de 1996 em Maceió (AL), calou um homem que era considerado a peça central dos esquemas de corrupção durante o mandato do ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992), de quem foi tesoureiro na campanha presidencial.  

Com base no laudo de Palhares, a Polícia Civil alagoana concluiu que Suzana Marcolino matou PC Farias, como o empresário era chamado, e depois se suicidou. O motivo, segundo as investigações, seria passional, já que ele estaria disposto a terminar o relacionamento.

Um dos pontos mais controversos do laudo dizia respeito à altura de Suzana. O documento apontava que ela media 1,67 metro, e PC Farias, 1,63 metro. Essa medição, que foi usada para apoiar exames de trajetória de bala, acabou sendo contestada.  

Reportagens  do Jornal Folha de S.Paulo, feitas em 1999, apontaram que Suzana media menos de 1,60 m e um laudo elaborado por um perito da USP concluiu que Suzana teria de medir mais de 2 metros para que fosse possível combinar a trajetória da bala que perfurou seu corpo com a hipótese de suicídio.  

Uma outra incoerência foi a ausência de manchas de sangue de Suzana na arma, apesar de ter sido encontradas marcas no lençol e roupas que ela usava.  

A conclusão de Badan acabou sendo descartada e a Polícia Civil reabriu o caso, indiciando por duplo homicídio oito suspeitos, entre eles quatro seguranças. 

Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho,  Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva, que também eram policiais, foram a júri popoular acusados de duplo homicídio triplamente qualificado, mas acabaram absolvidos.  

O irmão de PC, o então deputado federal Augusto Farias, também foi indiciado, mas o Supremo Tribunal Federal arquivou acusação contra ele por falta de provas.  

O laudo  

Em um laudo realizado sob encomenda da família Cestari, Padan Palheraes, que é professor da Unicamp, concluiu que o disparo que matou a menina foi feito de fora do banheiro.  

Ele ainda afirmou que o tiro foi acidental, quando o case com a pistola caiu no chão e a amiga tentava arrumar, como conta a versão da adolescente.

O legista ainda cita que nenhum documento que ele recebeu sobre o caso para análise consta a movimentação no corpo de Isabele feito pelo pai da amiga, Marcelo Cestari. 

“No capítulo Histórico, o perito não faz qualquer referência de que o local por ele examinado e documentado presencialmente, não estava mais preservado como acima deixo consignado, muito embora em outro momento faça breve comentário a respeito”, escreveu.  

“Informação essa, que não poderia faltar pois aquele local fora manuseado, na tentativa de reanimação da vítima. Houve o deslocamento do corpo do local e a posição primária do mesmo”, completou Palhares.  

O legista ainda afirmou que a perícia não levou em consideração os movimentos no corpo da jovem feitos por Cestari e, por isso, o laudo não condiz com os fatos.

“Na minha visão, o documento oficial, a partir das fls. 15 do laudo até a 34, refletem simplesmente que os indícios descritos e documentados não são os reais, do local e do momento que a vítima tombou ferida. Reafirmo: os indícios relatados não refletem ser os existentes no momento da morte dessa menor”, concluiu.  

O legista também sustenta o argumento em relação às manchas de sangue encontradas no corpo de Isabele e no banheiro onde ocorreu a morte.

Para ele, a posição das manchas atestam que o corpo foi movido do local original onde caiu. 

Indiciados 

A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o caso na semana passada, indiciando a menor que fez o disparo por ato infracional análago a homicídio doloso, quando há intençãou ou quando o autor assume o risco de matar. 

Já Marcelo Cestari foi indiciado por quatro crimes: homicídio culposo, omissão de cautela na guarda de arma de fogo, posse ilegal de arma de fogo e fraude processual. 

Sua esposa Gabi Cestari foi indiciada por omissão na cautela de arma de fogo. Mesmo crime pelo qual foi indiciado Glauco Correa da Costa, pai do menor que levou a arma até o local da tragédia.

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