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Em 2020, feminicídios aumentaram 42% em Mato Grosso; casos no Araguaia entram para estatísticas

Cuiabá, Rondonópolis, Sorriso, Peixoto e Pontes e Lacerda foram cidades que registraram mais ocorrências

04/01/2021 | 07:56

Mídia News

Em 2020, feminicídios aumentaram 42% em Mato Grosso; casos no Araguaia entram para estatísticas

Joana Paula Rodrigues, Maria Irene de Moura, Aline Souza, Sergiana Costa, Gabrielly Oliveira e Domingas da Silva foram algumas vítimas de feminicídio em 2020

Foto: Reprodução

Joana Paula Rodrigues, Maria Irene de Moura, Aline Souza, Sergiana Costa, Gabrielly Oliveira, Domingas da Silva. Elas são seis das 54 mulheres assassinadas em Mato Grosso em 2020. Um número que representa um crescimento de 42% em relação ao ano anterior, mas que para as famílias das vítimas significa uma perda imensurável. E para a sociedade, o símbolo de uma cultura altamente machista.  

Só nos primeiros quatro meses de 2020, foram registrados 22 feminicídios em Mato Grosso, um aumento de 47% em comparação ao mesmo período de 2019, segundo a Superintendência do Observatório de Violência da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT). 

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontou que, em 89,9% dos casos no país, os autores dos crimes eram companheiros ou ex-companheiros das vítimas.  

Cuiabá, Rondonópolis, Sorriso, Peixoto de Azevedo e Pontes e Lacerda foram as cidades que registraram as maiores ocorrências de feminicídio.  

Já os homicídios de mulheres, não qualificados como feminicídio, foram 36 em 2020. No mesmo período de 2019 foram 43, uma redução de 16%. 

Ao somar os feminicídios e homicídios de vítimas femininas, são 90 casos contra 81 no mesmo período de 2019, o que representa um aumento de 11% em ocorrências do tipo. 

Um ponto em comum entre todos esses crimes foi a grande violência utilizada para tirar a vida dessas mulheres. Elas foram vítimas de uma mesma estrutura social que insiste em violentar e matar corpos do gênero feminino.  

Joana Paula Rodrigues 

Na madrugada do dia 24 de fevereiro de 2020, Joana Paula Vieira Rodrigues, de 45 anos, foi morta pelo marido com golpes de faca no pescoço e no braço em Paranatinga (a 373 km de Cuiabá). 

O homem confessou o crime e alegou que a motivação foi uma susposta traição da esposa. 

Ele relatou que estava trabalhando durante a madrugada na colheita em uma fazenda, quando soube por meio de terceiros que a mulher estaria naquele momento com um homem em sua casa. 

Ao saber da informaçao, ele teria ido para a residência e, assim que chegou, viu o homem deixando o local apenas de roupas íntimas. Conforme seu relato à Polícia, ele contou que entrou na casa e a encontrou em cima da cama sem roupas. Ele teria, então, se armado com uma faca e atacado a esposa.  

Em seguida, ele confessou o crime para os funcionários de uma empresa de vigilantes da cidade. 

O corpo de Joana Paula foi encontrado pela Polícia Civil enrolado em um lençol ao lado da cama. 

Maria Irene de Moura 

No dia 16 de março do ano passado, Maria Irene Rodrigues Feitosa de Moura, de 31 anos, decidiu ir até uma unidade da Polícia Militar em Novo Mundo (a 791 km de Cuiabá) para denunciar o marido por agressão e estupro. Horas depois, ela havia sido morta por ele.  

Na denúncia, ela disse que sentia dores pelo corpo em razão do "mata-leão" que havia recebido e que queria a separação. Durante o relato, Maria Irene lembrou que já tinha denunciado o companheiro por violência doméstica, quando eles viviam em Fortaleza (CE). 

Os policiais haviam perguntado se ela sabia o paradeiro do marido e ela respondeu que não. Os agentes se preparavam para sair em busca do suspeito, quando foram informados do feminicídio. 

O suspeito deixou a faca do lado do corpo da mulher. Moradores próximos disseram aos militares que o homem havia fugido por um matagal após o crime.  

Na busca pelo suspeito, os policiais o encontraram em um córrego e, sem apresentar resistência, ele foi detido. O homem alegou que o relacionamento era conturbado e que teria perdido a cabeça. 

Aline Souza 

A operadora de caixa e mãe de um filho pequeno, Aline Gomes de Souza, de 20 anos, tentou fugir do marido pelas antes de ser assassinada, mas não conseguiu socorro a tempo. Ela foi golpeada diversas vezes com uma faca e morreu.   

O crime aconteceu no condomínio Chapada dos Bandeirantes, no Bairro Chácara dos Pinheiros, em Cuiabá, no dia 1º de abril de 2020. 

Vizinhos relataram à polícia que viram o homem correndo atrás de Aline pelo condomínio e quando a alcançou passou a golpeá-la com uma faca. Em seguida, ela caiu no chão. 

Câmeras de segurança flagraram o momento em que o marido, de 27 anos, perseguiu a vítima momentos antes de matá-la. Eles teriam se desentendido ainda dentro do apartamento, quando foi agredida e decidiu pedir ajuda.  

O agressor, então, abandonou a mulher no local, correu em direção ao bloco onde mora, entrou no carro e fugiu. 

O marido de Aline se apresentou na delegacia horas após o crime. Ele foi preso, autuado em flagrante por feminicídio e encaminhado para uma unidade prisional em Várzea Grande.  

Sergiana Costa

O corpo de Sergiana Matos Costa, de 39 anos, foi encontrado em cima da cama com uma perfuração no coração causada por uma chave de fenda. O crime aconteceu na quitinete em que morava, em Sorriso (a 420 km de Cuiabá) no dia 7 de julho do ano passado. 

No dia anterior, Sergiana procurou uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) para tratar um problema de saúde. Desde então, ela não foi mais vista. Por isso, os vizinhos decidiram ir até sua casa saber seu paradeiro e a encontraram morta em cima do colchão.  

O imóvel não tinha sinais de arrombamento e os vizinhos relataram que ouviram Sergiana discutindo com o companheiro, o que levou a Polícia Civil a procurar o suspeito.  

Gabrielly Oliveira

Em Nova Xavantina (a 652 km de Cuiabá), o feminicídio vitimou Gabrielly da Silva Coelho, de 21 anos. O crime ocorreu em um sábado, dia 28 de novembro de 2020, e o autor foi o marido da vítima, assassino confesso.

Ele relatou que estava fazendo um churrasco com a esposa, quando ambos começaram uma discussão motivada por ciúmes. 

Durante a briga, ele teria jogado a esposa no chão e desferido três golpes de canivete em seu peito. 

Mais tarde, no mesmo dia, o homem foi até a Central de Atendimento da Polícia Militar e alegou que gostaria de se entregar, pois havia assassinado a esposa. 

Equipes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil foram acionadas até o endereço, onde encontraram Gabrielly morta.

No local também foi encontrada uma espingarda calibre 22, que foi apreendida pelos policiais. 

O acusado foi preso em flagrante a autuado por feminicídio.

Domingas da Silva 

Domingas Cecília da Silva Oliveira, de 49 anos, estava indo para o trabalho na manhã de sábado, dia 19 de dezembro passado, quando foi surpeendida pelo ex-namorada dela, na Avenida Carmindo de Campos, em Cuiabá. Ele a agrediu com socos e chutes e, em seguida, a esfaqueou no pescoço. 

Imagens da câmera de segurança de um estabelecimento na região mostraram o momento do crime. O suspeito, de 40 anos, foi preso na casa dele logo após ser identificado como o autor.

Ele foi conduzido à delegacia e após ser interrogado pelo delegado Anderson Veiga foi autuado em flagrante pelo crime de feminicídio.

Domingas se relacionou com seu assassino por dez anos e já havia registrado denúncias contra ele por violência doméstica.

Ela saía todos os dias de casa às 5h15 para o seu local de trabalho,que não ficava longe de onde morava. 

Para praticar o crime, o ex-namorado esperou a vítima sair de casa e passou a persegui-la de bicicleta. Ele aproveitou que a avenida não estava movimentada e consumou o ato. 

Com ela, os policiais encontraram uma mochila e uma aliança. No celular de Domingas, havia diversas mensagens com ameaças de morte enviadas pelo ex-namorado.

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