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Fazendas do Araguaia reforçam garantia de origem da carne bovina

Após cada ciclo de avaliações, os responsável pelas fazendas são reunidos para que se apresente os resultados individuais e coletivos

19/01/2021 | 08:56 - Atualizada em 19/01/2021 | 09:13

Redação Olhar Alerta

Fazendas do Araguaia reforçam garantia de origem da carne bovina

Rebanho

Foto: Reprodução

Nesta segunda, 18, o engenheiro agrônomo José Carlos Pedreira de Freitas, especialista em inserção da sustentabilidade na estratégia de empresas do agronegócio, consultor do Grupo Roncador e sócio-diretor da Hecta – Desenvolvimento Empresarial nos Agronegócios, falou ao Giro do Boi sobre os primeiros resultados do Rebanho Araguaia, um dos mais recentes programas da Liga do Araguaia, associação estabelecida em 2014 formada por pecuaristas do leste do Mato Grosso, na região conhecida como Vale do Araguaia.

“O Rebanho Araguaia nasce da disposição do JBS/Friboi em apoiar um grupo de fazendas para promover capacitação e ferramentas de gestão. Como é que eu avalio a minha fazenda do ponto de vista da produção e como eu avalio a minha fazenda do ponto da vista da sustentabilidade?”, disse Freitas, ilustrando quais são as perguntas que o programa busca responder. No Rebanho Araguaia, o JBS/Friboi arca com parte expressiva dos custos das consultorias tanto em gestão produtiva como em gestão da sustentabilidade – 80% dos custos no primeiro ano, 50% no segundo e 20% no terceiro ano – para avaliar o modelo de produção das propriedades.

“No âmbito deste apoio oferecido pelo JBS/Friboi, nós contratamos o Imaflora e contratamos o Inttegra, aquele sistema do Antonio Chaker, para aplicar ferramentas de gestão da produção e de gestão de sustentabilidade. […] Qual é a grande questão? Estamos falando para pecuaristas, estamos falando de sustentabilidade da pecuária de corte. A grande questão é que não adianta eu avançar na produção, no resultado econômico se eu comprometer indicadores de sustentabilidade. Então o que o projeto Rebanho Araguaia está fazendo? Juntando essas duas dimensões. A dimensão econômica e de performance de produção com a dimensão de boas práticas de sustentabilidade. Uma é feita pelo Inttegra, pela equipe do Chaker, que nós vamos logo, logo ter o resultado da aplicação neste conjunto de fazendas e o outro foi esta ferramenta Garantia Araguaia (veja mais detalhes no parágrafo a seguir), desenvolvida pelo Imaflora, parceiro da Liga do Araguaia, para medir o resultado dessas fazendas. Ao final, então, deste período, nós temos 13 fazendas nesse primeiro ano. É um projeto de três anos, teremos mais dez fazendas o ano que vem e dez fazendas no ano seguinte, completando em torno de 30 fazendas das 62 fazendas que hoje compõem a Liga do Araguaia”, detalhou o agrônomo.

O consultor detalhou como funciona no Rebanho Araguaia o uso da Garantia Araguaia. “Nós temos a ferramenta do Garantia Araguaia que avalia essas fazendas do ponto de vista ambiental, social e do ponto de vista produtivo, do ponto de vista de gestão, de qualidade de produto. São 147 quesitos de autoavaliação aplicados nessas fazendas e que os pecuaristas respondem esses quesitos e recebem uma nota. Em função dessa nota, de cumprimento de cada um dos contextos ambiental, social, produtivo e de gestão de qualidade, eles se enquadram, então, você está vendo aí, o resultado aplicação do que aconteceu no primeiro ano de aferição de medição do desempenho em sustentabilidade dessas fazendas”, disse, apontando para os primeiros resultados do novo projeto.

“As 13 fazendas participantes do projeto atingiram 78% (do desempenho desejável) dos quesitos ambientais. Elas têm agora, ano a ano, com esta ferramenta de gestão, a possibilidade de verificar o seguinte: ‘Onde preciso melhorar?Eu estou com uma questão de APP (área de preservação permanente), uma questão de reserva legal, restauração de área? Quais são os quesitos que compõem a dimensão ambiental e onde eu posso melhorar?’. Já no (desempenho do quesito) social, 90% (estão conformes), no produtivo, 95%, até porque são fazendas já bem avançadas”, apontou.

Um dos pioneirismos do projeto, segundo Freitas, é a avaliação da emissão de carbono pelas fazendas participantes do Rebanho Araguaia. “Isto é absolutamente pioneiro – é a primeira vez que se traz para ferramenta de gestão também indicadores de carbono. Qual é a performance dessas fazendas em relação a redução das emissões de gases de efeito estufa? Afinal, não adianta se eu consigo colocar 5, 6 ou 7 UA/ha mas, de repente, desequilibrar as emissões que o gado está provocando. Eu estou aumentando muito a lotação e estou aumentando muito as emissões e não dá tempo para o pasto remover essas emissões. Eu meço isso com a ferramenta do Garantia Araguaia para saber o seguinte: no ano 1, ano 2 e ano 3, como é que está a performance dessas fazendas em relação a emissões? Você veja que 75% das propriedades estão abaixo da média das emissões. […] E 83% das fazendas em que nós aplicamos a ferramenta do Garantia Araguaia conseguiram compensar as emissões devido à boa qualidade das pastagens”, celebrou.

Após cada ciclo de avaliações, os responsável pelas fazendas são reunidos para que se apresente os resultados individuais e coletivos, não apenas revelando as performances como também sugerindo um plano de ação para as melhorias necessárias.

“O que a gente está conseguindo? Primeiro, comprometer os pecuaristas da Liga do Araguaia com estas boas práticas, com estes conceitos de pecuária sustentável. Nós estamos gerando transparência. Veja, não é que eu acho que eu sou sustentável ou que eu acho que o agro brasileiro é sustentável. Eu uso indicadores para olhar esses atributos e medir esses atributos. Por outro lado, eu garanto a origem destes animais porque eu estou fazendo o acompanhamento desde a cria. Então o chamados fornecedores indiretos, essa discussão enorme que está existindo, sobre da necessidade de fazer a rastreabilidade dos fornecedores indiretos, neste conjunto de fazendas eu já estou fazendo isso desde o nascimento do bezerro. E, por último, eu estou mostrando que o nosso pecuarista conhece e monitora a sua propriedade do ponto de vista da sustentabilidade da pecuária de corte”, sustentou José Carlos.

“Isso orienta o pecuarista sobre onde ele precisa melhorar na dimensão econômica, na dimensão social e na dimensão ambiental da sua propriedade, da sua gestão”, valorizou.

O consultor completou dizendo que espera que o modelo que a Liga do Araguaia está utilizando para fazer com que as propriedades da região evoluam possa inspirar grupos de outras regiões do país, uma vez que o alcance da liga está restrito, atualmente, a cerca de 60 propriedades em 11 municípios do Vale do Araguaia no Mato Grosso. Mais informações sobre os projetos desenvolvidos pelo movimento podem ser vistos pelo site ligadoaraguaia.com.br.

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