O secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp), Alexandre Bustamante, subiu o tom para criticar a falta de consciência da população durante a pandemia da Covid-19, com a realização de aglomerações.
Em entrevista à Rádio CBN Cuiabá, Bustamante afirmou que não adianta o Governo determinar toques de recolher ou decretos restringindo atividades se o cidadão não passar a se comportar como se espera dele durante esse período.
“Tenho pra mim que é muito mais uma questão de consciência do que de lei, decreto, portaria do governador. A pandemia não acabou. O que mais me preocupa é o comportamento da sociedade, que não se comporta como deveria. Ficar recluso, evitar bares, boates, shows, festas”, criticou.
“Passamos um final de ano achando que estava tudo certo, tudo tranquilo, e a onda veio agora, a marola. E a gente está colhendo os frutos disso. Veja o Estado do Amazonas sem controle, sem leitos. E no Estado de Mato Grosso não é diferente. Os casos aumentaram. Não estamos em colapso ainda, mas se a sociedade não ajudar, daqui a pouco vira”, completou.
Nesta semana, Mato Grosso ultrapassou a casa dos 5 mil mortos pela Covid-19, além de mais de 212 mil casos confirmados.
De acordo com Bustamante, a Polícia Militar tem trabalhado dentro do que é possível para tentar diminuir as aglomerações, agindo tanto de forma pedagógica durante as intervenções quanto aplicando reprimendas mais firmes, se necessário.
“Às vezes, a gente chega em determinadas festas com 500, 600 pessoas. Acabamos com a festa, mandamos todo mundo para casa, recolhemos quem tem que recolher, repreendemos quem tem que ser repreendido. Mas entendam que se a sociedade não ajudar a Polícia, a segurança e o Estado, é perigoso que a gente tenha mais mortes”, afirmou.
"Frustração"
Bustamante ainda desabafou de que se sente "frustrado mais como cidadão do que como secretário de Segurança Pública”.
“A gente vê a sociedade consciente para determinadas coisas e aí vem uma pandemia dessas, que pode levar a óbito familiares, e a pessoa esquece que dentro da sua casa mesmo uma pessoa pode vir a adoecer e morrer e vai em uma festa”, criticou.
Segundo Bustamante, no momento atual, as pessoas precisam ser menos egoístas e pensar nas consequências que os seus atos podem levar a algum conhecido.
“’A pessoa fala: ah, eu já peguei, não peguei’. Mas tem outra pessoa que está do seu lado e pode não ter pego, pode vir a morrer. Então, a preocupação muitas vezes é mais do que com o próprio umbigo. Tem que ser um conceito social. Lembrando que você trabalha com outras pessoas, vive com outras pessoas e muitas vezes você é um vetor de transmissão da doença”, alertou.