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Cacique revela que coordenador da Funai recebia 10% de propina por arrendamentos intermediados

A sede da Funai de Ribeirão Cascalheira foi alvo de busca e apreensão da PF

22/03/2022 | 10:03

Redação

Cacique revela que coordenador da Funai recebia 10% de propina por arrendamentos intermediados

Foto: Reprodução

Preso durante a Operação Res Capta, o coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Ribeirão Cascalheira, Jussielson Gonçalves Silva, teria direito a 10% dos valores cobrados pelas medições feitas na Terra Indígena Marãiwatsédé. A afirmação foi feita, segundo a Polícia Federal, pelo cacique Damião Paridzané, que liderava a terra e receberia, mensalmente, cerca de R$ 900 mil pelo arrendamento ilegal.

De acordo com o delegado da Polícia Federal, Sérgio Ribeiro de Oliveira, o combinado entre eles era de que a terra seria medida para que fossem calculados os montantes que cada um dos arrendatários deveria pagar. Sobre estes valores, 10% caberiam a Jussielson, segundo o relato do cacique. Ambos, inclusive, chegaram a se estranhar por conta de desconfianças por parte do índio em relação ao coordenador da Funai.

Gerard Maxmiliano Rodrigues de Souza, Enoque Bento de Souza e Jussielson Gonçalves Silva são suspeitos de arrendar ilegalmente terras indígenas. O trio foi preso na semana passada, durante a deflagração da Operação Res Capta. Eles passaram por audiência de custódia e a magistrada entendeu que eles deveriam permanecer detidos. Jussielson era coordenador regional da Funai em Ribeirão Cascalheira. Enoque Bento é ex-policial militar pelo Amazonas, mesma corporação da qual faz parte o sargento Gerard Maxmiliano.

Além deles, foram alvos de medidas cautelares Aldemy Bento da Rocha, Bruno Peres de Lima, Claudio Ferreira da Costa, Derso Portilho Vieira, Ivo Vilela de Medeiros Junior, Gilsom Nunes da Silva, Ivonei Vilela Medeiros, João Victor Borges Correia, Justino Agapito de Oliveira Xerente, Marcos Alves Gomes, Manoel Pinto de Araujo, Osmair Cintra dos Passos, Saconele Zaercio Fagundes Golveia, Thaiana Ribeiro Viana e Wilian Paiva Rodrigues.

A Terra Indígena Xavante Marãiwatsédé, localizada em Alto Boa Vista, possui mais de 165 mil hectares, e já foi alvo de um conflito entre indígenas, grileiros, políticos, e até com o desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Manoel Ornellas de Almeida – que se “apossaram” das terras. Os invasores, porém, perderam a queda de braço com o Governo Federal, e deixaram o local no fim de 2012. Atualmente, os "arrendatários" das Terra Xavante criam mais de 70 mil cabeças de gado na região.

A sede da Funai de Ribeirão Cascalheira foi alvo de busca e apreensão da PF. Alguns servidores do órgão foram apontados pela PF como responsáveis por cobrar valores de fazendeiros da região para intermediar os arrendamentos nas terras indígenas.

Uma Toyota SW4 foi apreendida pelos agentes. Ela teria sido dada de presente pelo grupo ao cacique Damião Paridzané. Ele não foi preso na operação, mas ficou proibido pela Justiça de firmar parcerias para qualquer tipo de exploração na área, além de não poder manter contato com nenhum dos presos e ter suas contas bancárias bloqueadas.

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