O governador Mauro Mendes (União Brasil) afirmou, na manhã desta terça-feira (19), que a prisão de seu ex-secretário Nilton Borgato “não tem nada a ver com o Governo” e sim com sua “vida pessoal”.
Borgato foi preso em Cuiabá durante a Operação Descobrimento, deflagrada pela PF da Bahia. A ação visa desarticular uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de cocaína.
“O que as pessoas fazem na sua vida particular é problema delas, não do Governo. Esse crime é pessoal, que ele está sendo acusado pela Polícia Federal. Não conheço os fatos, não sei nada sobre o assunto. Só vi pela imprensa agora de manhã. E obviamente ele vai responder”, afirmou o governador em entrevista à Rádio Vila Real.
“Não sei quando isso aconteceu, se aconteceu, mas não tem nada a ver com a gestão e ato que ele possa ter praticado dentro do Governo”, completou.
Borgato era secretário Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secitec) e se desligou do cargo para lançar sua pré-candidatura a deputado federal.
Além de Borgato, também foi preso na operação o lobista Rowles Magalhães, ex-assessor especial durante a gestão Silval Barbosa, que se tornou conhecido ao denunciar, em 2012, um esquema de pagamento de propina referente à licitação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
Ainda não há informações sobre as acusações e os motivos da prisão Borgato.
O esquema
As investigações tiveram início em fevereiro de 2021, quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo, pousou no aeroporto internacional de Salvador para abastecimento.
A empresa, segundo informações preliminares, seria ligada ao lobista Rowles Magalhães.
Durante a inspeção da aeronave, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaína escondidos na fuselagem.
Conforme a PF, a partir de então foi possível identificar a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países, composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar o entorpecente), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).
A operação
Ao todo, são cumpridos 43 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão preventiva nos estados da Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco. Apenas para Mato Grosso, foram expedidas cinco ordens judiciais.
Em Portugal, com o acompanhamento de policiais federais, a polícia portuguesa cumpre três mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva nas cidades do Porto e Braga.
As medidas judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Federal de Salvador e pela Justiça portuguesa.
A Justiça brasileira também decretou medidas patrimoniais de apreensão, sequestro de imóveis e bloqueios de valores em contas bancárias usadas pelos investigados.