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Em CPI, médico relata pacientes com Covid amarrados por ataduras

Vereador preside comissão que apura suposta “organização criminosa” na Saúde de Cuiabá

23/05/2022 | 10:23

Mídia News

Em CPI, médico relata pacientes com Covid amarrados por ataduras

O vereador Tenente-coronel Marcos Paccola, que preside a CPI da Saúde

Foto: Reprodução

Presidente da CPI da Saúde na Câmara de Cuiabá, o vereador Tenente-coronel Marcos Paccola (Republicanos) afirmou que são “impactantes” as declarações de médicos ouvidos pela comissão sobre o tratamento de vítimas de Covid-19 em unidades de saúde da Capital, que sofriam com falta de insumos por desvio de verbas destinadas ao combate à pandemia. 

Ao falar sobre a falta de leitos, estrutura e até de medicamentos por malversação de recursos encaminhados pelo Governo Federal ao Município, o parlamentar chegou a apontar que aqueles que perderam alguém durante a pandemia “podem ter certeza que alguém com interesses escusos acabou tendo participação nessa morte”. 

“Temos declarações impactantes de médicos dizendo que saíram porque não seriam coniventes. Na última declaração da CPI, eu perguntei para o médico: por que os pacientes ficavam amarrados com ataduras? E temos informações de que era para economizar no sedativo, que é o elemento mais caro na UTI, e aí se você não amarra o paciente, no reflexo ele arranca o tubo”, relatou, em entrevista à Rádio Metrópole FM.

“Tenho relato de médico falando que as pessoas estavam morrendo na UTI igual peixe se debatendo fora da água. E aí não podia entrar visita e você não sabe como o seu parente foi tratado, aquele que foi a óbito, o quanto ele sofreu, o que aconteceu para ele chegar a óbito”, afirmou. 

Paccola ainda destacou a contratação de pessoas não capacitadas para realizar o processo de intubação e extubação dos pacientes, em razão do grande número de terceirizadas que “abocanhavam” os contratos e contavam apenas com “médicos novatos”, para economizar nos valores pagos e lucrar mais. 

“Quando era terceirizada, os CRMs eram todos de novatos, eram médicos recém-formados que estavam tocando aquelas UTIs, isso tudo para economizar. Porque eles pagavam um valor inferior e os médicos com mais qualificação, que no momento de pandemia estava mais valorizado, não aceitavam fazer um plantão naquele valor que era proposto pela terceirizada”, disse.

De acordo com o vereador, isso resultou no índice de mortalidade nas UTIs terceirizadas permanecendo maiores do que das UTIs que eram geridas por servidores efetivos, que já tinham muito tempo atuando como intensivistas. 

“Apesar de faltar medicamentos nas UTIs dos municípios, por que o índice de mortalidade era menor? Pela capacidade dos profissionais. E não quero dizer que os profissionais da saúde foram negligentes. Realmente naquele momento era o que tinha”, afirmou.

“Mas o que revolta é esse interesse financeiro de pessoas que se aproveitaram de maneira covarde desse recurso que foi despejado pelo Governo Federal”, completou. 

Fraude em processos 

Possíveis fraudes em processos licitatórios também foi um tema pincelado por Paccola durante a entrevista.  

Paccola apontou que não há dúvida que mais de R$ 100 milhões dos recursos “carimbados” da Covid-19, encaminhados à Prefeitura de Cuiabá pelo Governo Federal durante a pandemia, são provenientes de fraudes em processos licitatórios. 

O montante já havia vindo à tona durante a Operação Curare, deflagrada pela Polícia Federal no ano passado, investigação essa que é uma das usadas para embasar os trabalhos da CPI no Legislativo cuiabano. 

Ele afirmou que há um caso de um processo em que um servidor apontado como elaborador técnico negou que a assinatura no processo, mostrada a ele na CPI, tenha sido feita por ele. 

Segundo Paccola, o servidor foi orientado a fazer o grafotécnico e chegou a registrar um boletim de ocorrência. 

“Como esse processo foi para a frente? E é um processo que teve por dispensa de licitação a contratação de uma empresa desse grupo que se apossou da gestão terceirizada”, afirmou. 

O presidente da CPI afirmou ainda que crê em novas operações na Saúde diante dos fatos que vieram à tona nas investigações dos órgãos competentes. 

“São revelações assustadoras. Muito do que eu disse já estão nos autos e acredito que novas operações virão de desdobramentos do que a gente viu produzido ao longo dessas investigações”, afirmou.

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