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Saiba o que esperar do complexo soja nos próximos meses

Quebra de safra no Brasil e menor apetite chinês põem em jogo novos fatores na tradicional virada do meio do ano, quando os Estados Unidos assumem o papel de principal fornecedor da commodity

16/06/2022 | 09:00

Canal Rural

Saiba o que esperar do complexo soja nos próximos meses

Foto: Reprodução

O mercado de soja está próximo da tradicional virada do meio do ano. A América do Sul costuma ser o fornecedor mundial no primeiro semestre do ano e os Estados Unidos assumem esse papel no segundo semestre. No entanto, como é amplamente conhecido, a quebra de safra causada pelo La Niña na América do Sul alterou drasticamente essa dinâmica.

De acordo com relatório da hEDGEpoint Global Markets, o Brasil não tem soja suficiente para exportar no mesmo ritmo do ano passado (Fig. 1), mas, ao mesmo tempo, a demanda chinesa não está com a mesma pressa que estava. Além disso, a quebra de safra brasileira e os fertilizantes caros empurraram os agricultores norte-americanos para a soja, em detrimento do milho, aumentando a expectativa de produção.

Exportações soja Brasil

Como tal, com o produto norte-americano muito mais barato em apenas alguns meses (Fig. 2), a China vem adiando as compras para depois de setembro, inflando os compromissos para a próxima safra dos EUA (22/23) acima das máximas de 5 anos.


Compras de soja China

Soja argentina

Igualmente importante para o complexo é a redução nas safras da Argentina (-4,2M ton A/A) e do Paraguai (-5,7M ton). Ambos levam a menores volumes esmagados na Argentina, uma vez que o Paraguai exporta principalmente para a indústria argentina.

Com base no cenário apertado para óleos vegetais em todo o mundo e boas margens de esmagamento, a indústria na Argentina tende a processar o máximo que puder. Ainda assim, essa queda anual na produção significa cerca de 2M e 0,6M ton a menos de farelo e óleo, respectivamente.

Embora a queda do óleo de soja não pareça grande, esses 0,6M ton representam cerca de 10% das exportações do país e quase 30% das exportações do vizinho Brasil.

Óleos vegetais

A questão na Argentina está, compreensivelmente, dando suporte às exportações brasileiras. No Estados Unidos, embora o cenário externo tenha alguma influência, o mercado doméstico ainda é o principal fator de suporte.

A EPA emitiu sua decisão final sobre os mandatos de biocombustíveis dos EUA. A decisão não mudou muito a primeira proposta, de dezembro. A demanda por óleo de soja encontrou apoio no aumento do mandato de biodiesel e provavelmente continuará alta.

Mundialmente, o cenário dos óleos vegetais não é menos altista. A Indonésia vem aplicando várias medidas para controlar os preços domésticos, restringindo as  exportações desde novembro de 2021. Embora a proibição mais recente tenha sido suspensa há pouco, as exportações tem demorado a se recuperar. As preocupações com a produção da Malásia e, consequentemente, suas exportações também estão aumentando.

Combinando tudo isso, conforme o relatório da hEDGEpoint Global Markets, desenha-se um cenário bastante altista para os óleos vegetais em geral. Ainda assim, os futuros de óleo de soja são relativamente baratos em relação aos de palma, especialmente nos contratos mais curtos, sugerindo que ele poderá encontrar suporte em notícias altistas adicionais do Sudeste Asiático. Para recapitular, até agora, a demanda chinesa não tem se mostrado tão forte em 2022 como esperado anteriormente.

Diante da quebra de safra do Brasil, o país está adiando suas compras para o segundo semestre de 2022, quando a produção (esperada) abundante nos EUA pressionará os preços. Por outro lado, os problemas na Argentina e no Sudeste Asiático estão sustentando as margens de esmagamento em geral, principalmente lideradas pelo petróleo.

O que esperar?

Um primeiro ponto é que o óleo de palma no Sudeste Asiático está prestes a entrar na temporada de pico de produção e o La Niña tende a trazer condições climáticas favoráveis.

Neste momento, o cenário para o óleo de palma é de restrição de oferta. No entanto, o documento da consultoria salienta que é preciso ficar atento a melhorias de produção, que podem levar a um cenário menos apertado daqui a alguns meses. Segundo, é que a Argentina também entrou na temporada de pico de esmagamento. Assim, embora as exportações provavelmente ainda continuem aquém dos anos anteriores e o mercado ainda se veja suportado, a disponibilidade de subprodutos pode aumentar no curto prazo, aumentando a concorrência pela demanda internacional.

Terceiro, à medida que se mergulha mais fundo no verão dos EUA, sempre há a presença iminente do mercado climático. A safra de soja progrediu em linha com a média de dez anos e não há grandes preocupações no radar. No entanto, o La Niña estará ativo durante esta temporada, o que provavelmente trará calor e seca para os EUA e o potencial de danos, quando o mundo está precisando da soja americana.

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