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Dona de casa distribui sopa e esperança para mais de 300 famílias

Benedita Máximo Pereira, de 51 anos, é criadora do “Sopão Solidário Amor de Mãe”, no Novo Paraíso 2

01/08/2022 | 09:23

Mídia News

Dona de casa distribui sopa e esperança para mais de 300 famílias

Benedita Máximo Pereira, de 51 anos, criadora do “Sopão Solidário Amor de Mãe”

Foto: Reprodução

A dona de casa Benedita Máximo Pereira, de 51 anos, criadora do “Sopão Solidário Amor de Mãe”, distribui sopa para mais de 300 famílias toda semana em Cuiabá. 

Benedita, ou “Dona Dita”, como é carinhosamente apelidada, faz o preparo e a entrega das marmitas em sua própria casa, no Bairro Novo Paraíso 2. A ação acontece desde muito antes da pandemia por Covid-19, há cerca de quatro anos, mas se intensificou recentemente. 

Toda a quinta-feira a sopa começa a ser preparada por volta de 12h. Às 18h10 uma das voluntárias vai até o portão e pede para entrarem de três em três pessoas. Atualmente são mais de 200 famílias cadastradas, e mais de 300 pessoas aparecem semanalmente para pegar a sopa. 

O preparo é feito em panelas industriais, no fogão à lenha, que é a alternativa mais viável. 

No início, a ação era voltada apenas para as crianças, mas com o tempo, e com a ajuda de projetos sociais, como o Amar MT (Associação Amigos Motivados Pelo Amor e Respeito ao Próximo), a ação expandiu e agora ajuda não só as crianças, mas também os adultos. 

“Agradeço muito a uma pessoa, porque meu sopão estava ‘amortecido’, não estava arrecadando. Nós pegávamos macarrão de vizinho pra fazer. Aí veio a Katiuscia Manteli (presidente-fundadora da Amar MT), e passou a mandar verdura pra mim toda quinta-feira”, diz Dona Dita. 

De lá pra cá o Sopão de Dona Dita “explodiu”, e não são apenas pessoas de seu bairro que a procuram. A busca também vem dos bairros Barreiro Branco, Terra Prometida, Florianópolis, Jardim Vitória, Silvianópolis, CPA e até do Pedra 90.

“Enquanto Deus der vida pra mim, e eu receber doação, minha sopa vai estar feita. Eu não quero mídia, não quero fama. Eu só não quero que minha sopa pare”, afirmou. 

Como tudo começou 

A dona de casa já passou fome no passado, essa dor a motivou a buscar forças para melhorar a situação dela e de sua filha. E em forma de promessa, disse a si mesma que quando saísse daquela situação difícil ajudaria outras pessoas. 

“Já passei fome. Fome é uma dor que eu não desejo pra ninguém. Lá atrás aconteceu de filha minha pedir comida e eu não ter pra dar. Não ter nem um sal”, relata emocionada. 

Ela conta que chegou a trabalhar em um lixão na estrada de Chapada - que já não existe mais - e que lá havia uma Kombi que entregava marmitas. Por algum tempo essa foi a alternativa que tinha para conseguir alimentar a filha. 

“Eu ia lá, pegava, e não comia aquela marmita. Eu levava pra dar pra minha filha. Aí minha filha [dizia]: ‘Mãe, a senhora comeu?’ Eu dizia: ‘comi’. Mentira, era só água no estômago pra ela comer”, conta. 

Dona Dita fez questão de agradecer a todas as pessoas que contribuem com a causa, em especial suas voluntárias no preparo e distribuição do sopão: Talia, Adriana, Du Larissa, Sônia, Gláucia, Simone e Dona Cláudia. 

“Eu agradeço muito as pessoas, meus voluntários que largam as casinhas deles lá, vêm me ajudar. Estão aqui comigo desde cedo, porque eu sozinha não dou conta. Sozinha não consigo caminhar. A minha felicidade é quando eu vejo a última pessoa pegar a sopa”.

Quando a sopa não dá 

Atualmente existem muitas ações como a de Dona Dita, e a sopa é a mais popular das refeições feitas para as comunidades porque, além do preparo ser relativamente rápido e fácil, os legumes e massa fazem render muitas porções. Porém, apesar do rendimento, ainda assim infelizmente é comum que a sopa não dê para todas as famílias que procuram. 

Benedita se entristece ao contar dos muitos casos em que não consegue dar conta da demanda de famílias que só tem aumentado. Sua maior felicidade é terminar um dia de ação alimentando até a última pessoa presente na fila. 

“Um dia eu fiquei muito triste com a sopa, tinha bastante gente na fila e veio uma mãe querendo levar oito marmitas, e não dava”, relata. 

“Eu olhei na panela e pensei: ‘Meu deus do céu, e agora’. Tentei conversar com ela, e ela me entendeu. Aí dei pra ela quatro marmitas. Depois que acabou tudo, entrei pra dentro e chorei demais”. 

Para continuar a ação,Ddona Dita precisa de contribuições, seja de alimentos ou roupas. 

Guarda-Roupa Solidário  

Além do Sopão Solidário Amor de Mãe, Dona Dita também cuida do Guarda-Roupa Solidário, em que recolhe doações de roupas, calçados... E após acumular uma certa quantidade, define um dia no mês para fazer as doações diretamente de sua casa. 

A ação começou através de Katiuscia Manteli, que trouxe para Dona Dita roupas para o guarda-roupa solidário, e muitas pessoas foram pegar.

“As pessoas trazem roupa pra mim, eu guardo. E aí quando junta a gente faz um Guarda-Roupa Solidário”. 

Doações 

Um dos sonhos de Benedita é expandir a ação fazendo lanches para as crianças aos sábados. Para conseguir realizar essa ação, a dona de casa também vai precisar de doações como pão, salsicha, molho de tomate, suco, bolachas, temperos e o que pude vir a acrescentar à merenda dos pequenos. 

Além da ação, uma necessidade cada vez mais latente é a melhoria na cozinha. “Às vezes eu tenho medo de pegar fogo, e gostaria de poder abaixar o fogão a lenha, porque ele é muito alto”, explicou. 

Para os interessados em contribuir seja com legumes, verduras, alimentos não-perecíveis, roupas, ou se tornar um voluntário, basta entrar em contato ou contribuir diretamente pelo telefone e chave pix (65) 9 9912-6234.

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