Imprimir

Imprimir Notícia

27/12/2021 | 16:53

Chuvas e ações amenizam crise hídrica, mas 2022 ainda requer 'atenção', dizem governo e ONS

A melhora do nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas nos últimos meses, com a volta das chuvas, não deve ser suficiente para garantir um 2022 livre de preocupações no setor elétrico.

Na avaliação do Ministério de Minas e Energia e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os próximos 12 meses continuarão demandando atenção – e a manutenção de medidas excepcionais para garantir o fornecimento de energia. 

“A despeito da melhoria das condições de atendimento eletroenergético, tanto para 2021 quanto as perspectivas para 2022, permanece a situação de atenção e o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) mantém o trabalho de acompanhamento permanente”, diz o ministério em nota. 

“Todas as ações tomadas são respaldadas por estudos prospectivos elaborados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico e pelo acompanhamento das demais medidas excepcionais em curso, que são fundamentais para a garantia da segurança do atendimento ao Sistema Interligado Nacional, especialmente, para 2022”, completa. 

Para o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, a maior incerteza para o próximo ano recai sobre a estação chuvosa. As chuvas começaram no tempo previsto, em outubro, e as afluências (quantidade de água que chega às usinas hidrelétricas) estão na média histórica, mas há incerteza sobre o volume de chuva até abril, quando começa o período seco. 

“A estação chuvosa das bacias [hidrográficas] situadas no subsistema Sudeste/Centro-Oeste constitui o período de maior incerteza de previsão, tendo em vista a grande variabilidade observada no histórico para a precipitação nessa região, tanto em volume como na distribuição espacial”, explica Ciocchi.


Por essa razão, diz o diretor, o ano de 2022 permanecerá “demandando atenção” e manutenção de algumas das medidas emergenciais adotadas neste ano.


Como ponto positivo, destaca, há a previsão de entrada de 15 gigawatts de energia de novas usinas – valor que corresponde a 8% da capacidade instalada do país – e de 16 mil quilômetros de novas linhas de transmissão – o equivalente a 10% da capacidade instalada.

Termelétricas seguirão ligadas

 

Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, as usinas termelétricas têm que continuar ligadas para garantir o fornecimento de energia no próximo ano. Elas são mais caras e mais poluentes que as hidrelétricas.

“Se o governo não quiser ter emoções maiores em 2022, as térmicas não podem ser desligadas nem agora, no período chuvoso”, defende. 

“Apesar de em abril entrar em funcionamento as usinas [hidrelétricas] de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, é mais seguro deixar, no mínimo, oito giga, dez gigawatts de térmicas operando para encher os reservatórios. O que vai dar para fazer é desligar as térmicas mais caras, de R$ 2 mil o megawatt/hora”, diz o especialista no setor elétrico. 

O governo limitou o acionamento de usinas termelétricas em dezembro a, no máximo, 15 mil megawatts (MW) médios, incluindo eventual importação de energia do Uruguai e Argentina. O objetivo é reduzir o custo de geração de energia. 

Até então, não havia limite e o operador do sistema podia acionar a quantidade necessária para garantir o fornecimento de energia ao país. 

Em agosto e setembro, por exemplo, o país gerou 19 mil MW médios de energia térmica – valores recordes para a série histórica, de acordo com o ONS.

 
 Imprimir