Imagens do satélite Planet (do MapBioma) revelam grandes clareiras abertas em meio à floresta, em uma fazenda vizinha à Terra Indígena Wawi, no município de Querência (MT).
O registro mostra estradas que não levam a um destino, servindo para delimitar três lotes, cuja área total equivale à de 1.300 campos de futebol.
O desmatamento ilegal foi confirmado por uma vistoria de técnicos da Secretaria do Meio Ambiente, que embargaram a área e multaram o proprietário do local, Roberto Zampieri, em R$ 627 mil por desmatamento ilegal.
Entre as infrações estavam desmatar em áreas próximas a rios e a veredas (vegetação típica da região), descumprindo assim o Código Florestal.
Além disso, o desmate ocorreu dentro da chamada área de amortecimento de zona indígena, uma faixa onde são proibidas atividades exploratórias – como supressão de floresta, mineração ou pulverização de agrotóxico –, para impedir que os impactos ambientais cheguem às aldeias.
“As imagens mostram como as estradas foram sendo abertas ao longo dos meses. São duas estradas que não levam a lugar nenhum, o que deixa claro que trata-se de um loteamento”, explica Ricardo Abad, analista de geoprocessamento do Instituto Socioambiental (ISA).
Avanço do agronegócio
Na região, os indígenas Kĩsêdjê vivem, há pelo menos cinco anos, tentando escapar dos perigos do avanço do agronegócio.
Zampieri diz que assim que tiver autorização dos órgãos competentes vai seguir derrubando a mata nativa.
“Eles [os indígenas] já têm muita coisa, muita terra, chega”, diz Zampieri, que também é advogado de empresários do setor no Mato Grosso.
O agricultor alega que não desmatou e que o corte das árvores foi feito para construir a sede e abrigos para trabalhadores. “Foi uma área muito pequena”.