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Mato Grosso: clima contribuiu para baixa incidência doenças no algodão

Redução de precipitações de chuva na semeadura da 2ª safra de algodão contribuíram para a redução de doenças na cultura do algodão em Mato Grosso

05/09/2022 | 09:44

Canal Rural

Mato Grosso: clima contribuiu para baixa incidência doenças no algodão

Foto: Reprodução

A redução das precipitações de chuva de forma antecipada em importantes regiões produtoras de algodão em Mato Grosso auxiliou para a baixa incidência das doenças do algodoeiro em relação às safras passadas. Fator que trouxe um pouco de tranquilidade aos produtores da fibra quanto ao manejo de doenças, como a Mancha da ramulária (Ramulariopsis spp.) e Mancha-alvo (Corynespora cassiicola), consideradas as mais importantes da cultura.

Especialistas explicam que existem três os fatores para que uma doença se desenvolva no campo: hospedeiro, patógeno e ambiente. No caso da segunda safra de algodão em Mato Grosso, o fator clima não foi favorável para a ocorrência das principais doenças em regiões como Sapezal, Nova Mutum, Sorriso, Campo Verde e Primavera do Leste.

Entretanto, de acordo com pesquisadores da área, em algumas regiões do estado as condições climáticas não contribuíram positivamente, sendo verificado um período chuvoso um pouco mais extenso, havendo maior evolução das doenças Mancha da ramulária e Mancha-alvo.

Constatação é resultado de pesquisa

As informações são resultados de pesquisas realizadas na safra 2021/22 em estações experimentais da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) acerca das doenças. Os mesmos foram apresentados durante o XIV Encontro Técnico Algodão nesta semana, em Cuiabá.

“Fazendo uma retrospectiva sobre nossas áreas de pesquisa, na safra 2019/20 houve bastante disponibilidade de água durante o ciclo, com microclima favorável para o maior desenvolvimento de ambas as doenças, chegando a 50% de incidência da Mancha alvo e 32% da Ramulária“, pontua engenheiro agrônomo, doutor em fitopatologia e pesquisador da instituição na área de Fitopatologia e Biológicos, João Paulo Ascari.

Ascari conduziu o painel ‘Manejo de Doenças da Cultura do Algodão‘, com a participação de Fabiano Perina e Luiz Chitarra, pesquisadores da Embrapa Algodão.

O levantamento apresentado revela ainda que na safra 2020/21 o cenário foi de menor pressão de Mancha alvo (7%) e a Ramulária teve severidade de 40%. “Mas já na 2021/22 quase não houve ocorrência de Mancha alvo (1%) e a Ramulária manteve-se em torno de 30% de severidade. Entendemos que a dinâmica da incidência é variável e as situações, favoráveis ou não, são diferentes em cada região”.

Na 2021/22 quase não houve ocorrência de Mancha alvo (1%) e a Ramulária manteve-se em torno de 30% de severidade.

Ensaios com fungicidas sítio-específicos e multissítios

A Fundação MT participa da Rede Ramulária e durante a safra 2021/22 avaliações com fungicidas sítio-específicos e fungicidas multissítios foram realizadas em ensaios conduzidos com uma cultivar de algodão sensível a doença.

O estudo foi realizado na região de Sapezal semeadura no dia 2 de fevereiro (período de bastante chuva) e primeira aplicação aos 30 DAE (dias após emergência).

“É importante ressaltar que essa não é uma recomendação de manejo de fungicidas, mas sim um ensaio com o objetivo de testar a eficácia dos produtos de forma isolada para saber o quanto contribuem para o controle da doença”, destaca o pesquisador da entidade.

Sintomas de Mancha alvo

Os resultados com fungicidas sítio-específicos revelaram que os fungicidas retardaram a evolução da curva de crescimento da doença, que foi menor em relação à testemunha sem fungicidas, tendo aumentos somente a partir dos 105 dias após a emergência da cultura.

Vale ressaltar que neste período os volumes de precipitação foram bem concentrados em fevereiro e houve acentuada redução a partir de março, enquanto na safra 2020/21 a curva de progresso da doença se acentuou já aos 90 dias após a semeadura com volumes de precipitação mais bem distribuídos até o mês de abril.

No que diz respeito aos fungicidas multissítios os resultados demonstraram que tais produtos têm sido uma ferramenta importantíssima para o controle da Mancha de ramulária, com destaque para o ingrediente ativo clorotalonil.

“Contudo, a aplicação de fungicidas multissítios à base de clorotalonil, mancozeb e oxicloreto de cobre promoveram incrementos de produtividade quando acrescentados no programa de manejo”, define o especialista.

Apesar do clima, aplicações são essenciais

João Ascari explica ainda que mesmo havendo condição climática desfavorável para a ocorrência tanto de Mancha alvo como de Ramulária, como a verificada na safra 2021/22, a aplicação de fungicidas é fundamental e deve ser feita de forma preventiva.

“Nossa orientação ao produtor é que ele faça a integração das táticas de manejo que temos disponíveis, entre eles o manejo cultural, químico, biológico e o genético”, diz João Ascari.

Casos de Rhizoctonia solani

Além da Mancha alvo e da Ramulária, durante a safra 2021/22 a Fundação MT revela ter recebido relatos da presença de Rhizoctonia solani na região de Sapezal, um fungo que causa o tombamento de plântulas e a mela.

“Esse problema está associado a perdas de plantas, pode gerar ressemeadura e afetar diretamente a produtividade da cultura. A Fundação MT está conduzindo ensaios a campo e em condições controladas (casa de vegetação) para entender a situação e poder trazer respostas de manejo para o produtor utilizar na próxima safra”, diz João Ascari.

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