No dia 9 de abril de 2023, um domingo de páscoa, o município de Confresa vivenciou o que não esperava para um dia de tamanho significado: um ataque desencadeado por um grupo de cerca de 20 homens armados que tinha o intuito de roubar dinheiro da Brinks, uma empresa de segurança de valores localizada no município.
Conforme apurou o site Olhar Alerta, os tiros começaram a ser ouvidos pouco depois das 16:30h, quando os criminosos em carros blindados invadiram a cidade e passaram a atirar com armas de grosso calibre. A maioria deles pertencia à facção criminosa paulista PCC - Primeiro Comando da Capital.
Um dos alvos do grupo foi a 27ª Companhia Independente de Polícia Militar. Um carro que havia sido roubado poucos minutos antes, pertencente à uma empresária do município, foi jogado contra o portão da unidade de polícia e incendiado em seguida.
Todas as rodovias e diversas estradas vicinais que davam acesso à cidade foram fechadas pelos criminosos, que roubaram veículos e incendiaram trancando as passagens dos carros.
Enquanto parte do grupo criminoso estava em pontos estratégicos e ruas da cidade disparando afim de coibir qualquer ação, alguns foram para a sede da Brinks, onde renderam funcionários e tentaram chegar ao cofre, o que não foi possível devido aos mecanismos de segurança existentes no local. Eles esperavam conseguir levar ao menos R$ 3,5 milhões em dinheiro, mas tiveram que fugir sem nada.
Durante a ação, além de construções e veículos terem sido danificados pelos tiros, uma pessoa foi atingida por um tiro na região do tórax.
Algumas pessoas foram usadas como reféns e parede humana no local roubo para que os criminosos fugissem. O grupo saiu do município por volta de 18:20h e a caçada conhecida como Operação Canguçu - nome que fazia referência ao local onde os criminosos se esconderam - começou.
Foram empenhados mais de 300 policiais de cinco Estados brasileiros: Mato Grosso, Pará, Tocantins, Goiás e Minas Gerais. A caçada foi considerada como uma das maiores do país.
Durante quase 40 dias, as forças de segurança se uniram para encontrar os criminosos que fugiram pelos rios Araguaia e Javaés, desembarcando na região de Pium, no Tocantins, região da Ilha do Bananal. Os fugitivos chegaram a se esconder nas copas das árvores, utilizavam sacos nos pés para não deixarem pegadas e se alimentaram de milho, sal e ureia.
De forma ininterrupta policiais com o auxílio de equipamentos de tecnologia de ponta e cães farejadores estiveram pelas matas e realizando fiscalizações intensivas pela região onde os criminosos estavam.
Além dos mortos na operação, cinco suspeitos foram presos, dois foram capturados pela Polícia Militar na área do cerco e os outros três, que teriam ajudado na logística do crime, foram presos em Redenção (PA) e em Araguaína (TO) pela Polícia Civil de Mato Grosso.
Não houve baixas policiais durante a operação.
Veja abaixo a relação dos suspeitos que morreram em confrontos com policiais:
- Danilo Ricardo Ferreira – 46 anos, morto no dia 10 de abril, natural de São Paulo (SP)
- Raul Yuri de Jesus Rodrigues – 29 anos, morto no dia 12 de abril, natural de Diadema (SP)
- Eduardo Batista Campos – 32 anos, morto no dia 19 de abril, natural de Imperatriz (MA)
- Julimar Viana de Deus – 35 anos, morto no dia 19 de abril, natural de Imperatriz (MA)
- Célio Carlos Monteiro – 62 anos, morto no dia 19 de abril, natural de Avaré (SP)
- José Cláudio dos Santos Braz – 37 anos, morto no dia 19 de abril, natural de Serra Talhada (PE)
- Matheus Fernandes Alves – 27 anos, morto no dia 22 de abril, natural de Goiânia (GO)
- Jonathan Camilo Melo de Sousa – 34 anos, morto no dia 27 de abril, natural de São Paulo (SP)
- Airton Magalhães Marques – 27 anos, morto no dia 29 de abril, natural de Salvador (BA)
- Luiz Gustavo Pereira dos Santos – 35 anos, morto no dia 1º de maio, natural de São Paulo (SP)
- Rafael Ferreira Pinto – 34 anos, morto no dia 1º de maio, natural de Osasco (SP)
- Ericson Lopes de Abreu – 31 anos, morto no dia 1º de maio, natural de Guarulhos (SP)
- Luis Silva – 46 anos, morto no dia 1º de maio, natural de São Miguel Arcanjo (SP)
- Gilvan Moraes da Silva – 45 anos, morto no dia 2 de maio, natural de Marabá (PA)
- Robson Moura dos Santos – 33 anos, morto no dia 2 de maio, natural de Jacundá (PA)
- Ronildo Alves dos Santos – 41 anos, morto no dia 8 de maio, natural de São Paulo (SP)
- Ricardo Aparecido da Silva – 39 anos, morto no dia 10 de maio, natural de Nova Odessa (SP)
- Janiel Ferreira Araújo – 43 anos, morto no dia 13 de maio, natural de Marabá (PA)
Foram apreendidos pelo menos 16 fuzis de grosso calibre, incluindo um armamento antiaéreo calibre .50 e um fuzil belga roubado da polícia de São Paulo. Também foram encontrados fuzis AK-47, AR-15, 556, 762 e 308, além de centenas de munições.
Conforme as investigações feitas pela Polícia Civil, os criminosos prepararam o ataque por cerca de 2 anos e gastaram mais de R$ 2 milhões na ação criminosa.