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Juiz afastado por suspeita de venda de sentenças recebeu R$ 750 mil e diz que pagou pai de santo para 'desenvolvimento espiritual'

Depósitos foram feitos pela esposa do magistrado e os pagamentos foram contestados pelo CNJ, que destacou os valores elevados e com quantias idênticas

03/06/2025 | 06:51

G1

Juiz afastado por suspeita de venda de sentenças recebeu R$ 750 mil e diz que pagou pai de santo para 'desenvolvimento espiritual'

O juiz Ivan Lúcio Amarante, da 2ª Vara da Comarca de Vila Rica

Foto: Reprodução

O juiz Ivan Lúcio Amarante, afastado do cargo no último dia (29), por suspeita de venda de sentenças na Comarca de Vila Rica, a 1.276 km de Cuiabá, recebeu R$ 750 mil da esposa, Mara Patrícia Nunes Amarante, em 43 depósitos realizados entre setembro de 2023 e julho de 2024. A defesa sustentou que os pagamentos foram para realizar o “desenvolvimento espiritual e religioso” do magistrado com um pai de santo.

Diante das evidências, a Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ) instaurou um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o magistrado. A decisão foi proferida no último dia 27.

As operações financeiras levantaram suspeitas de um esquema de lavagem de dinheiro no âmbito da “Operação Sisamnes”, que investiga a comercialização ilegal de sentenças judiciais.

A defesa de Amarante alegou que Mara Patrícia, empresária do ramo de logística e transportes, repassou os valores para custear sessões com um pai de santo em São Paulo, identificado como Fernando César Parada, dirigente do Terreiro Nossa Senhora do Rosário. Segundo a defesa, as despesas envolveriam ainda sessões com outros líderes religiosos.

Porém, a CNJ contestou a justificativa, destacando que os depósitos foram feitos em valores elevados e com quantias idênticas, o que levantou suspeitas de lavagem de dinheiro. Só em outubro de 2023, conforme a investigação, foram feitos sete depósitos que totalizaram R$ 140 mil.

Por unanimidade, o Conselho decidiu pela abertura do PAD contra Ivan Lúcio Amarante, mantendo afastamento cautelar do magistrado.

Ligação com Zampieri

As investigações começaram após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, morto a tiros em frente ao seu escritório em Cuiabá, em 2023. A análise de mensagens e arquivos no celular da vítima revelou indícios de crimes graves, incluindo venda de sentenças e movimentações financeiras suspeitas, o que motivou a “Operação Sisamnes”, conduzida pela Polícia Federal.

Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em Mato Grosso. O juiz Amarante permanece afastado, e seus bens e valores foram bloqueados, totalizando cerca de R$ 30 milhões.

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