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Reposição da testosterona em homens: entenda os riscos do uso abusivo

Queda de testosterona após os 40 anos afeta até 20% dos homens, apontam estudos. Sintomas do Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM) podem ser confundidos com depressão

16/10/2025 | 08:19

G1

Reposição da testosterona em homens: entenda os riscos do uso abusivo

Reposição da testosterona em homens: entenda os riscos do uso abusivo

Foto: Adobe Stock

O desequilíbrio hormonal típico da menopausa é muito discutido, mas fala-se pouco sobre a diminuição gradual da testosterona em homens, a partir dos 40 anos. Apesar de os homens continuarem a produzir espermatozoides até cerca de 90 anos de idade, eles perdem, em média, cerca de 1,2% de testosterona a cada ano, a partir dos 40 anos. Por isso, na faixa dos 60, os homens costumam ter cerca de 25% a menos de testosterona do que tinham antes dos 40 anos.

Esse declínio é chamado de DAEM (Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino), que leva a sintomas como cansaço, fadiga, dificuldade de ereção, irritabilidade e sudorese. A Sociedade Brasileira de Urologia não usa o termo andropausa porque esse desconforto é muito mais gradual do que o que ocorre com a mulher na menopausa.

O g1 conversou com urologistas para entender como lidar com esses sintomas, quando e como a reposição de testosterona pode ser usada.

O coordenador do Departamento de Andrologia, Reprodução e Sexualidade da Sociedade Brasileira de Urologia, Fernando Facio, destaca que os homens ainda procuram muito menos o médico do que as mulheres e que, quando o fazem, muitas vezes as consultas são agendadas por mulheres da família.

Além disso, muitas vezes eles não abordam o tema da queixa da função sexual, quando vão sozinhos à consulta. Por isso, muitos não sabem o que são os sintomas do DAEM, que podem ser confundidos até com os da depressão.

Reposição da testosterona: os riscos do uso abusivo

Somente a partir de 2005, o Brasil começou a entender que o homem com deficiência de testosterona melhora quando se trata, dentro dos critérios que a urologia compreende serem corretos, segundo Facio. Mas os urologistas só prescrevem a testosterona se o paciente tiver queixas de função sexual, como perda de libido e dificuldade de ereção, e nível de testosterona fora da faixa da normalidade.

Esses pacientes que não têm a quantidade mínima de testosterona e sintomas do DAEM são chamados de hipogonádicos.

Mas em homens com deficiência de testosterona que têm entre 45 e 50 anos de idade e ainda pretendem ter filhos, é preferível usar uma medicação chamada citrato de clomifeno, que estimula o testículo a produzir a testosterona a partir da gordura queimada. Dessa forma, o paciente melhora os níveis de testosterona sem alterar a chance de ser fértil.

O testículo é uma glândula que, quando entende que está entrando testosterona exógena (que não foi produzida pelo corpo), para de trabalhar.

“As pessoas acham que a testosterona resolve tudo, mas nós só a prescrevemos se tiver nível baixo - fora da faixa de normalidade. A atividade física e a alimentação adequadas podem retardar os sintomas do DAEM, mas ele é inevitável”, destaca Facio.

Pacientes com glóbulos vermelhos aumentados também devem evitar a reposição com testosterona.

Os riscos do uso abusivo da testosterona

As contraindicações para o uso sem necessidade e do uso abusivo da testosterona são:
  • Hipertrofia da musculatura cardíaca
  • Alteração hepática
  • Acne
  • Queda de cabelo
  • Infertilidade na faixa entre 40 e 55 anos de idade
  • Piora do câncer de próstata ou de mama em pacientes com a doença

“A testosterona não dá câncer de próstata. Mas em pacientes com câncer de próstata eu não posso dar testosterona”, explica Facio.

Como é feita a reposição de testosterona

A reposição de testosterona pode ser feita por meio de:
  • utilização de gel de testosterona, em que o paciente aplica o gel todos os dias
  • ou de forma injetável: as injeções disponíveis no Brasil são aplicadas geralmente de forma intramuscular, a cada 15 dias, em média, ou intramuscular, a cada três meses, em média.

Cerca de 20% dos homens após os 40 anos terão queda da testosterona, apontam estudos
Alguns estudos demonstram que cerca de 20% dos homens após os 40 anos terão uma queda da testosterona. Mas estudos clássicos demonstram que a queda da testosterona junto com os sintomas do hipogonadismo está presente em uma parcela de 6 a 12% dos homens entre 40 e 69 anos.

Um grande estudo europeu demonstra que cerca de 2% dos homens apresentam hipogonadismo – baixa de testosterona e sintomas do DAEM - entre 40 e 79 anos. Esse mesmo estudo mostrou que apenas a baixa dos níveis hormonais, sem os sintomas do DAEM, é encontrada em cerca de 23% dos homens após os 40 anos de idade.

‘Homem se trata e mulher faz prevenção’, diz médico

De acordo com dados do IBGE de 2023, a expectativa de vida ao nascer para as mulheres no Brasil é de 79,7 anos. Já entre os homens esse índice é de 73,1 anos.

“A gente viu que as mulheres vivem mais. Os homens morrem de cinco a seis anos antes das mulheres. E qual seria o fator que preserva essas mulheres e não preserva os homens? O homem só vai se tratar e a mulher faz prevenção. E uma das coisas que faz com que a mulher viva mais é ela melhorar seus níveis hormonais”, explica o médico.

“Muitos homens apresentam sintomas de baixa de testosterona, mas com o tempo eles vão se adaptando a esses sintomas e acabam não buscando ajuda”, acrescenta Tiago Mierzwa, membro do Departamento de Andrologia, Reprodução e Sexualidade da Sociedade Brasileira de Urologia.

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