Sexta-feira, 7 de novembro de 2025
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Esposa de jovem assassinado com vários tiros em Confresa cobra respostas da justiça e relata ameaças após o crime

Bruno Alexandre foi assassinado em frente de casa; Polícia investiga suposta briga por herança

05/11/2025 | 07:39 - Atualizada em 05/11/2025 | 07:44

Mídia News

Esposa de jovem assassinado com vários tiros em Confresa cobra respostas da justiça e relata ameaças após o crime

Bruno Alexandre e Maria Eduarda; ela viu o companheiro ser morto a tiros

Foto: Arquivo pessoal

A professora Maria Eduarda Paulino, de 26 anos, presenciou o marido ser assassinado a tiros, na noite de 8 de outubro, em um crime que segue sem desfecho. Ela classificou este como o pior dia da sua vida. 

Quase um mês após a morte de Bruno Alexandre Souza da Silva, de 24 anos, a família segue sem respostas, perdendo, pouco a pouco, as esperanças de que seja feita justiça. Uma das hipóteses levantadas inicialmente pela Polícia é de que o crime tenha sido motivado por conflitos familiares envolvendo divisão de herança.  

O crime aconteceu na cidade de Confresa, em frente à residência do casal, quando estacionavam o carro. Bruno estava no banco do carona, com a enteada pequena no colo. Ele levou seis tiros nos braços e nas costas enquanto protegia a criança de ser atingida. 

Maria Eduarda contou, em entrevista ao MidiaNews, que algumas semanas antes do ataque já estava com o coração apertado, sentindo-se incomodada em casa e pedindo para mudarem de cidade. 

Segundo ela, o marido chegou por volta das 19h em casa e, durante o jantar, ela viu um vulto pela janela e ficou assustada. Bruno saiu para ver se havia alguém e não encontrou nada. 

Ele saiu para abastecer o carro e chamou a mulher, colocando nas mãos dela as chaves do veículo. “Ele estava me ensinando a dirigir”. No trajeto, Bruno decidiu passar no trabalho para pegar algumas ferramentas e ficou por lá, enquanto Maria Eduarda voltou para casa de carro para trocar a filha. Em casa, outro episódio tirou a paz da jovem. 

“Eu ia fazer a neném dormir e soou o alarme da minha bicicleta elétrica, que estava estacionada no meio da porta. É como se alguém tivesse tentado abrir a porta encostado na bicicleta, ela alarmou e fecharam a porta devagarinho”, disse. 

Assustada, Maria Eduarda pegou a filha e foi buscar o marido. “Apaguei o carro umas três vezes antes de sair de casa e mais umas duas vezes na esquina antes de chegar ao serviço dele. Cheguei nervosa e contando que soou o alarme da minha bicicleta”. 

Bruno colocou algumas caixas dentro do carro, pegou a enteada e entregou novamente as chaves do carro à esposa. “Bora, você vai voltar dirigindo”, disse ele.

Bruno Alexandre e Maria Eduarda
Bruno Alexandre segurando a enteada no colo, ao lado da companheira

Maria estacionou em frente de casa e, quando se virou para pegar a chave que estava no compartimento da porta, começaram os disparos. 

“Vi ele [Bruno] de canto de olho se virando, pensei que era para sair, mas não tenho certeza se foi para sair ou se viu o cara chegando e se curvou para proteger a minha filha”. 

“Escutei um barulho e senti o cheiro de pólvora. Me virei perguntando que cheiro era aquele e a minha vista embaçou. Escutei o segundo tiro. Na minha cabeça aconteceu tudo muito devagar. Aí já escutei a neném gritando, chorando e vi o Bruno debruçado em cima dela”. 

Maria Eduarda apenas conseguiu ver que o autor dos disparos era um homem encapuzado. Segundo a perícia, Bruno foi atingido por seis disparos de arma de fogo, entre costas e braços. A menina que estava em seu colo foi atingida de raspão no braço. 

“Eu comecei a gritar, a gritar e quando ele correu consegui dar a volta no carro e pegar a Sofia. O Bruno falou: ‘Chama o Samu’. Mas a voz dele não saiu, era só ar”, relembrou. 

Maria Eduarda disse ter tentado ligar para a emergência diversas vezes. “Mas dava só chamada encerrada, chamada não completada, falha na ligação”. 

Um vizinho saiu para socorrer o casal e levou Bruno ao hospital, mas ele já chegou à unidade sem vida. 

Enquanto isso, a jovem ficou em casa tentando entrar em contato com a Polícia, que, segundo ela, não compareceu ao local do crime. “O delegado daqui perguntou: ‘Tem que registrar o boletim de ocorrência. Você consegue vir aqui ou quer que uma viatura te busque aí?’”, contou.

“Foi o pior dia da minha vida!”, disse. 

Ameaça 

Depois que o crime aconteceu, Maria Eduarda foi ameaçada por um suposto agiota a quem Bruno devia dinheiro. Ela não acreditou que o marido tivesse qualquer tipo de dívida e a Polícia a alertou que poderia se tratar de um golpe de extorsão. 

Mesmo sem acreditar completamente na ameaça, com medo por sua segurança, a jovem se mudou. Em casa, ela só voltou para pegar alguns pertences. “Ficou tudo intacto, a casa limpinha. Entrei com o coração apertado e, depois, não tive mais coragem de entrar lá”, disse.

Bruno Alexandre e Maria Eduarda
Bruno Alexandre e Maria Eduarda; casal pretendia comprar lote no início de novembro

Sem respostas da Polícia, Maria Eduarda disse acreditar mais na justiça divina do que na dos homens. 

“Para uma Polícia que não pôde ir ao local do crime, que desdenhou... Eu acho que, se for ter justiça, vai demorar bastante, e a gente tem que confiar na justiça de Deus”, afirmou. 

A vida sem ele 

Maria Eduarda descreveu o marido como um homem de personalidade forte, decidido e dedicado à família e ao trabalho. Também muito amoroso e carinhoso. O mais velho de três irmãos, era ele quem sustentava a mãe. 

Juntos há quase um ano, Bruno incluía a enteada em todas as decisões futuras. “Ele queria fazer uma piscina em casa para, quando a neném crescesse, trazer os amiguinhos dela. Tudo que ele pensava, tudo que planejava no futuro, era incluindo ela”, disse. 

O casal já estava planejando ter outro filho. “O sonho dele era ser pai. A gente estava tentando desde o início do mês passado”. 

Trabalhando em uma empresa que prestava serviços para fazendas na região, Bruno planejava empreender. 

“A gente pretendia comprar um lote agora no mês de novembro. Ele queria construir uma casinha, queria morar na roça, parar de trabalhar para os outros e trabalhar para ele. Ele já criava porcos e galinhas e queria agora tentar plantar, porque no trabalho ele já estava mexendo com tudo: de programação de máquinas agrícolas à mecânica, drone, compra e venda de animais; de tudo ele fazia um pouco”, contou. 

Em nota a Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado em sigilo. "Entre as diligências, foram realizadas oitivas de testemunhas e coleta de imagens que poderão auxiliar na identificação do suspeito e esclarecimento dos fatos. As investigações estão em sigilo e mais detalhes não serão passados no momento para não atrapalhar o andamento dos trabalhos", diz trecho da nota. 

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